Um dos maiores obstáculos para o
desenvolvimento urbano de Niterói foi, por muito tempo, a falta de fartos
mananciais para o seu abastecimento de água.
Por volta de 1835, o governo provincial do
Rio de Janeiro construiu um aqueduto do Morro de São Lourenço para a adução de
águas para o abastecimento de um chafariz no Largo Municipal, atual Praça D.
Pedro II ou Jardim de São João, no Centro de Niterói, inaugurado em 1837.
A disponibilidade de água não foi suficiente,
e as autoridades e engenheiros passaram a buscar alternativas para cumprir a
demanda de água. Em 1838, o presidente da Província, Paulino José Soares de
Sousa, futuro Visconde de Uruguai, desapropriou a Chácara do Vintém. Em
decorrência disso, a infraestrutura de abastecimento foi reforçada.
Embora desapropriado pelo governo provincial,
a propriedade de todo o sistema, incluindo o aqueduto e o reservatório, passou
para o município de Niterói, devido sua importância para a cidade.
A água da Chácara Andrade Pinto, como também
era chamada, era muito límpida e distribuída por aguadeiros que anunciavam:
"Olha a água da Chácara do Vintém que não faz mal a ninguém." Nessa
época, quem tinha posses não mandava buscar água nas bicas públicas, esperava
que as carroças-pipas a levassem na porta por preço que, conforme a época,
variava de 40 a 100 réis o barril.
A construção de imóveis no bairro teve um
ritmo inicial lento já que, apesar de sua proximidade, a precariedade de
serviços e as características de muitos lotes, com acentuada declividade,
exigiam custo alto e apuro técnico nas construções.
Atualmente, a Chácara do Vintém encontra-se
em um estado deplorável de abandono. Não
há nenhum tipo de fiscalização ou manutenção deste patrimônio, agora em ruínas.
Niterói
quer dizer “Água escondida” e, por ironia do destino, a história do
abastecimento de água na cidade encontra-se atualmente nessa mesma condição:
oculta entre o matagal da encosta do Morro do Vintém, no Bairro de Fátima e longe
do acesso da população.
Essa propriedade possui um valor
inestimável, tanto para a cidade quanto para os moradores, que lutam pela
revitalização do local há mais de 10 anos. Entretanto, tal proposta parece não
interessar ao governo de Niterói como deveria.




